quinta-feira, 19 de maio de 2011

Minha Poesia, José Carlos Limeira


Minha poesia não se presta ao chá das cinco da Academia
Prefiro falá-la pelas calçadas, nas paradas de ônibus
Molhada do burburinho da cidade, batuques
Minha poesia se pica pela traseira do coletivo sem pagar
Se esfrega no reggae
Vigiando atenta a cabrocha gostosa cheia de truques
Minha poesia nunca será isenta de paladar
Pode se ligar no HipHop, no toque
Haja vista seus versos aptos à fila do SUS
Acordados antes da luz
A serviço do meu povo, contando seus dramas
Minha poesia pode até passar da hora na cama
Na mais pura desobediência aos patrões
E como podemos supor, não tem métrica nem rimas ricas
Podendo ser rica de palavrões
Ela é mesmo um acinte, mas acima das futricas
Jamais será clássica, fugiu da sala de aula bem cedo
Desassombrada e sem medo
Levou porrada nos porões
Já foi censurada, viajou de carona
Em longos anos de entrada
Minha poesia está a serviço de levantes e revoluções
Libertou-se da mordaça deixou de ficar calada
E se um dia não for à luta e de graça
Será toda de minha amada.


 

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